A PESCA ARTESANAL NO ENFRENTAMENTO À EMERGÊNCIA CLIMÁTICA: CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E RESILIÊNCIA DOS SISTEMA ALIMENTARES NO SUL DO BRASIL

Resumo

Sabemos que a biodiversidade desempenha um papel central na prevenção, mitigação e adaptação às mudanças climáticas e nesse sentido pesquisas vêm evidenciando que as comunidades tradicionais de pesca artesanal desempenham papel vital na conservação, seja dos ecossistemas aquáticos como terrestres. No contexto da emergência climática vivido no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, estima-se que cerca de 20 mil famílias da pesca artesanal tenham sido impactadas diretamente. Desse modo, este estudo tem como objetivo analisar, considerando o reconhecimento do seu papel na etnoecologia política, como as comunidades de pesca artesanal no território do PAN Lagoas do Sul resistem, especialmente no contexto da catástrofe climática. A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas realizadas com 17 pescadoras artesanais e observação participante. Foi feita análise de conteúdo das manifestações sociais produzidas no contexto da catástrofe climática ocorrida no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Notou-se que muitas manifestações foram a público, entretanto, poucas incluíram os pescadores artesanais. Entre essas destaca-se o documentário Redes que salvam: histórias de pescadores em uma enchente, a Carta Aberta da Rede Solidária em Defesa da Pesca Artesanal no Bioma Pampa, bem como a Carta das Agroflorestas e Soluções Baseadas na Natureza, como movimentos políticos envolvendo sociedade civil e instituições de ensino, ciência e tecnologia, que reconhecem a importância dos conhecimentos das pescadoras artesanais no enfrentamento às emergências climáticas, e se somam às demandas políticas de proteção social, como também propondo programas de resiliência em seus territórios tradicionais. Como conclusão foi possível observar que as comunidades de pesca artesanal no Rio Grande do Sul estão envolvidas de diferentes formas na conservação da biodiversidade, sendo que as manifestações públicas de distintos setores da sociedade reconhecem o papel central de seus modos de vida na resiliência dos ecossistemas por elas manejados, reforçando a importância de políticas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas para os territórios tradicionais.