“NO OLHO DO FURAÇÃO”: A CONSTRUÇÃO PROJETO DE ISOLAMENTO SOCIAL FRENTE AO COVID-19, EM UM GRUPO INDÍGENA NA AMAZÔNIA
Resumo
Expomos aqui este relato de experiência, fruto de uma viagem de cinco meses de pesquisa de campo na aldeia Mapuera, onde vivem vários grupos indígenas denominado genericamente de “Etnia Wai Wai”, na cidade de Oriximiná, no noroeste do Pará, por conta da fase final da tese de doutorado que está em curso. Apresentamos aqui os momentos de angustias e inquietações vividos pelo autor desse relato e indígenas nesse local, nas primeiras manifestações da pandemia da Covid-19, denominado aqui de “olho do furacão”, em março de 2020.Tal experiência nos direcionou ao seguinte questionamento: como antropólogo poderia contribuir em contexto de pandêmico em grupos indígenas, em especial, em Mapuera? A partir dessa pergunta, articulações foram feitas envolvendo cacique geral, lideranças, Conselho de Saúde da Mapuera, lideranças da igreja evangélica local, professores e profissionais da saúde que prestam serviço no local pela Fundação Ovídio Machado, frente ao Distrito Sanitário Guamá Tocantins- DSEI-GUATOC, incidido na elaboração de um projeto de isolamento social. Até a primeira quinzena de junho de 2020, momento da saída de campo, o referido projeto não tinha sido usado, pois nenhum caso de covid-19 acometera qualquer indígena no local, mas somente atingido alguns deles que estavam fora desse espaço, como na cidade de Belém, Santarém e Oriximiná, inclusive com óbito. Também notícias dão conta que, apesar de não adesão ao “projeto de Isolamento Social” pelo DSEI-GUATOC, sua produção serviu de parâmetro para a feitura de um plano de proteção à equipe de saúde e aos indígenas do local, revelando um dos objetivos dessa proposição, inspirar ações de políticas públicas em tempos de pandemia para a proteção dos povos indígenas na Amazônia, independentemente de quem quer que seja.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/nra.v9i2.10670
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