A Escrita de si como legado do Romantismo/Self-writing as a legacy of Romanticism
Resumo
Marcando direta ou indiretamente todo o século XIX, o Romantismo tem sua principal base filosófica no pensamento alemão. O complexo conjunto de ideias do movimento, que as obras do período manifestam, não ficou reduzido a seu momento histórico, mas influenciou culturalmente outras gerações, até a contemporaneidade. Dentre as várias formas de pensamento que atestam a influência do Romantismo, nosso estudo pretende analisar a constituição da escrita de si, também chamada de literatura autobiográfica ou memorialística, a partir de seu fundamento: a noção de individualidade, comumente considerada como uma forma de narcisismo. Partindo das matrizes filosóficas do Romantismo, a ideia de individualidade sofreu no século XX alterações que acompanharam as mudanças sociais advindas da modernidade, criando um sujeito que, antes de buscar o Ideal, preocupa-se em conhecer-se ou se fazer conhecer por meio da escrita de sua própria vida.
Directly or indirectly marking the entire nineteenth century, Romanticism has its main philosophical basis in German thought. The complex set of ideas of the movement, which the works of the period manifest, was not reduced to its historical moment, but culturally influenced other generations, up to the present day. Among the various forms of thought that attest to the influence of Romanticism, our study intends to analyze the constitution of self-writing, also called autobiographical or memorialistic literature, from its foundation: the notion of individuality, commonly considered as a form of narcissism. Starting from the philosophical matrices of Romanticism, the idea of individuality underwent changes in the 20th century that accompanied the social changes arising from modernity, creating a subject who, before seeking the Ideal, is concerned with knowing himself or making himself known through writing of his own life.
Palavras-chave
Romantismo; Individualidade; Narcisismo; Escrita de si.
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/a%20palavrada.v0i22.16307
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