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Luz, câmera, alfabetização científica! Possibilidades epistemológicas no antagonismo ciência-pseudociência da série Cosmos de Carl Sagan

Marcos Gervânio de Azevedo Melo

Resumo

O objetivo desse artigo é investigar contribuições ao processo de alfabetização científica e tecnológica quando se busca compreender a distinção entre ciência e pseudociência pela análise da série Cosmos de Carl Sagan. No terceiro capítulo desta série, fala-se da ligação que existira entre astronomia e astrologia, oportunizando-se interpretações nas quais os planetas, por exemplo, afetariam o caráter e o destino das pessoas. Este capítulo possibilita refletir sobre visões de ciência, oportunizando-se contemplar as concepções indutivista, o raciocínio lógico dedutivo, bem como o falsificacionismo de Popper. Contudo, oportuniza-se, também, pensar sobre as características da pseudociência e o quanto estivera ligada à ciência noutrora. Foi possível articular trechos da série a um dos eixos estruturantes de alfabetização científica propostos por Sasseron e Carvalho e, por meio da análise de conteúdo de Bardin, estabelecer inferências. A simples possibilidade de se compreender que a ciência elimina seus erros para prosperar e que suas hipóteses surgem oferecendo a possibilidade de serem refutadas, representa um elemento fundamental para diferenciá-la da pseudociência, pois a hipótese pseudocientífica, por outro lado, é gerada buscando alcançar invulnerabilidade a qualquer observação que possa refutá-la.


Palavras-chave

alfabetização científica e tecnológica; ciência e pseudociência; série Cosmos de Carl Sagan


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazrecm.v17i38.9737

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