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<p><span><br /></span></p><p><span>Imagem da capa:</span></p><p><span>Autor: Alan Crhistian Alvão</span></p><p><span>Título: Pescadores artesanais de rede escorada (estacada), Pará, Brasil</span></p>

CARACTERIZAÇÃO DO CULTIVO E CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE EM LOTES URBANOS VAGOS EM DUAS PEQUENAS CIDADES NO ESTADO DE SÃO PAULO

Vanessa Aparecida Camargo, Tainara de Proença Nunes, Maria Christina de Mello Amorozo, Marcos Aparecido Pizano

Resumo

A agricultura urbana e periurbana (AUP) é um fenômeno mundial crescente e traz uma gama de benefícios, como a busca da segurança alimentar e nutricional, geração de renda e a possibilidade de conservação de agrobiodiversidade on farm. No Brasil, cidades de pequeno porte e zonas periféricas de metrópoles ainda apresentam características rurais, como espaços intersticiais desocupados, possibilitando a ex-moradores das zonas rurais a manutenção do hábito de plantar. O objetivo deste estudo foi descrever a agricultura urbana praticada nos lotes vagos em duas cidades do interior do estado de São Paulo, Charqueada (CH) e Santa Gertrudes (SG), abordando os seguintes aspectos: caracterização socioeconômica dos entrevistados; caracterização dos lotes quanto a posse, tempo de cultivo e manejo agrícola; e registro das plantas e variedades cultivadas, com ênfase nas raízes e tubérculos, com vistas a avaliar o potencial para a conservação de agrobiodiversidade on farm nesses espaços. Todos os lotes cultivados na malha urbana foram georreferenciados, para o estabelecimento de uma amostra geral (77 em CH e 43 em SG) para a caracterização da população quanto a aspectos socioeconômicos e relativos à agricultura praticada. Posteriormente, selecionou-se uma subamostra (30 em CH e 20 em SG), para inventário das plantas cultivadas. Os levantamentos foram realizados por meio de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, utilizando-se a turnê guiada nos lotes para o levantamento das plantas. Os agricultores são na grande maioria homens acima de 50 anos de idade, de baixa renda e baixa escolaridade; não há participação efetiva dos jovens. Há uma presença importante de migrantes de outros estados, nordestinos em CH e mineiros em SG. Levantaram-se 102 etnoespécies de plantas cultivadas, principalmente alimentares, sendo as mais frequentes (>40% dos lotes em ambas as cidades) mandioca, mamão e quiabo. Vários cultivos apresentaram etnovariedades, mas o conhecimento dos agricultores sobre as mesmas não é muito aprofundado. A agrobiodiversidade levantada atesta o potencial da agricultura urbana para conservação on farm, porém o desinteresse dos mais jovens e as pressões de ocupação imobiliária do solo urbano podem dificultar sua continuidade. Há necessidade de políticas públicas que ordenem a atividade e garantam um mínimo de estabilidade, bem como da conscientização da população em geral sobre o papel e a importância da conservação da diversidade agrícola. 


Palavras-chave

agricultura de pequena escala; etnovariedades; etnobotânica urbana; raízes e tubérculos; polo agroindustrial


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v2i1.10188

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ISSN 2448-1998