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A entrada das ciências nas escolas e o processo modernizador no Pará

Jonatas Barros e Barros, Lilian Cristina Barata Pereira Nascimento, Marcelino Carmo de Lima, José Jeronimo de Alencar Alves

Resumo

As ciências, ou seja, os saberes originados na Europa com a ascensão da cultura moderna, e em oposição a tradição medieval, difundiram-se para outras partes do mundo à medida que foram encontrando condições para isso. Nosso propósito é compreender o processo inicial de inserção das ciências no sistema escolar da Amazônia, por meio das seguintes indagações: Que ciências foram estas? Que instituições de ensino as adotaram e em que momento? E, que condições encontraram para adentrar na cultura local? Analisando, inicialmente a historiografia, sobretudo no que se refere aos currículos das escolas, constatamos que, embora, a modernidade tenha começado a se inserir nas escolas da Amazônia com as Reformas Pombalinas, em meados do século XVIII, as ciências só foram incluídas nas escolas no século seguinte, com a entrada de Elementos de Física e de Química e Princípios Gerais de Botânica. Pela análise dos documentos, tal como, leis, relatórios, pronunciamentos, enfim, discursos elaborados por agentes da época, observamos que este acontecimento se tornou possível pelas condições criadas na cultura local, representada pela expansão da modernidade, em conformidade com os discursos que a promoviam, elaborados pelos governantes e outros agentes que tinham o poder de influenciar a inserção das ciências nos currículos escolares.


Palavras-chave

História; Ciências; Educação; Cultura; Amazônia


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazrecm.v20i44.15904

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