A COLONIALIDADE NAS POLÍTICAS AMBIENTAIS DO GOVERNO BOLSONARO E A INVERSÃO DOS ÓRGÃOS DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Abstract
O Brasil tem sido destaque no ranking de desmatamento, queimadas, extração de recursos naturais, tráfico de animais e conflitos contra povos originários. As ações governamentais vigentes no país evidenciam que o desmonte das políticas ambientais está calcado na colonialidade com a velha roupagem do progresso a qualquer custo, incluindo um colapso socioambiental, assim, instituições que, em tese, deveriam atuar para proteção do meio ambiente agem sem nenhum tipo de pudor na produção institucional em ofensiva ao meio ambiente. O presente ensaio discute o que vem acontecendo no cenário institucional brasileiro e quais são os caminhos possíveis através da perspectiva decolonialista e do Bem Viver.
Palavras-chaves: Governo Bolsonaro, Meio ambiente, Colonialidade, Decolonialismo.
COLONIALITY IN ENVIRONMENTAL POLICIES OF BOLSONARO GOVERNMENT AND THE INVERSION OF THE ENVIRONMENTAL DEFENSE INTITUTIONS
Abstract: Brazil has been highlighted in the ranking of deforestation, fires, extraction of natural resources, animal trafficking and conflicts against native peoples. The governmental actions in force in the country show that the dismantling of environmental policies is based on coloniality with the old guise of progress at any cost, including a socio-environmental collapse. Thus, institutions that, in theory, should act to protect the environment, act without any kind of modesty in institutional production in an offensive to the environment. The present essay discusses what has been happening in the Brazilian institutional scenario, and what are the possible paths through the decolonialist and Bem Viver perspective.
Keywords: Bolsonaro government. Environment. Coloniality. Decolonialism
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/rmi.v15i24.10049
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Federal University of Pará - Abaetetuba Campus - EditorAbaete
Post-Graduate Program in Cities, Territories, and Identities (PPGCITI)
ISSN: 1806-0560 e-ISSN: 1982-5374
DOI: https://dx.doi.org/10.18542