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APRESENTAÇÃO DE DOSSIÊ: MARGENS, PODER E INSURGÊNCIA NA AMÉRICA LATINA

Tiago LEMÕES, Janaína LOBO, Livio CLAUDINO, Rosângela NOGUEIRA

Abstract

Ao tomarmos como lócus de reflexão a América Latina, em sua multiplicidade de culturas, cosmologias, modos de existir e resistir, é inevitável incidir sobre a relação entre modernidade, Estado, violência e racismo, articulados a formas locais de poder em sociedades marcadas pela experiência colonizadora e pelo que Achille Mbembe considera como processos de efabulação, expressos pela falaciosa invenção de enunciados sobre a inferioridade desumana e selvagem de determinadas populações. O fluxo dos processos históricos de dominação e opressão que ainda correm pelas veias abertas da América Latina, no entanto, jamais deixou de enfrentar coletividades insurgentes que, em contextos rurais e urbanos, (re)inventam identidades e narrativas outras, afrontando  mecanismos de subjugação e silenciamentos, desestabilizando a produção estatal das “zonas de não-direito”, positivando identidades subalternizadas e lutando por mudanças nas relações de poder desde as margens do Estado, no sentido atribuído por Veena Das e Deborah Poole. Com isso, buscamos, neste dossiê, reunir pesquisadoras/es que, desde suas experiências empíricas ou discussões bibliográficas, reflitam sobre: (1) as práticas e discursos através dos quais agentes e instituições estatais atualizam violências históricas, produzindo zonas de degradação espacial e moral ao capturar, assujeitar ou mesmo “recuperar” corpos e existências; (2); as reivindicações políticas frente às violências engendradas pela racionalidade neoliberal, a qual precariza a condição humana e as possibilidades de construção de alianças e solidariedades. Ainda, nesse sentido, valorizamos as narrativas sobre os enfrentamentos coletivos, passados e contemporâneos, praticados por mulheres e homens do campo (das florestas, dos rios, das ilhas, dos quilombos, das aldeias e demais espaços territorializados) contra formas específicas de autoridades locais e contra a lógica perversa do grande capital sobre a terra e seus habitantes humanos e não-humanos. Dessa forma, busca-se ampliar os debates sobre as possibilidades de reinscrição de narrativas insurgentes que subvertam lógicas de opressão em cenários sempre marcados por violências, sujeições e silenciamentos.


References


BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

DAS, Veena. Vida e palavras. A violência e sua descida ao ordinário. São Paulo: Ed. UNIFESP, 2020.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

SANTOS, Boaventura de Souza. A cruel pedagogia do vírus (Pandemia Capital). São Paulo: Boitempo, 2020.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/rmi.v15i24.10721

Copyright (c) 2021 Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA)

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Federal University of Pará - Abaetetuba Campus - EditorAbaete

Post-Graduate Program in Cities, Territories, and Identities (PPGCITI)

ISSN: 1806-0560 e-ISSN: 1982-5374

DOI: https://dx.doi.org/10.18542

         

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